23 junho 2008

The Basement House



Nós bebíamos, ríamos, conversávamos, jogávamos Wii e desenhávamos. Lá fora nevava horrores. A casa do sótão era o melhor refúgio daquele inverno, sempre tinha cerveja e diversão. Michelle era platonicamente apaixonada por Fil, eles dividiam a casa. Passei uma semana dormindo na cama da Michelle, gentilmente cedida enquanto ela dormia no sofá. O quarto dela, repleto de minhas caixas de mudança, tinha cheirinho de Mattias, o furão. Comíamos miojo e bebíamos chá de morango. A universidade era do outro lado da rua, íamos juntas de manhã no frio de arder, conversando sobre nossas paixões, ambições e matérias. Eu estava fazendo uma sobre a história do jazz, junto com um monte de calouro leigo. Ninguém tinha ouvido falar de Duke Ellington, ou sobre o Cotton Club.
À noite, casa do porão. O teto era baixo, e os espíritos, altos. Às vezes o francês Thomas, dono de coração partido por americana que o trouxe e o deixou, vinha e nos arrastava para um boteco que agora esqueci o nome. Era tortura andar até lá sob menos vinte Celsius, mas o calorzinho de um pitcher de Blue Moon fazia valer.
Faltava menos de uma semana para o meu vôo de volta para o Brasil. Era um clima de expectativa alegre misturado com melancolia. Toda vez que alguém começava a ficar blue, logo vinha outro e fazia uma piada, e aí estava tudo bem.

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