06 maio 2010

Embrulhada





Doralice eu bem que te disse
Amar é tolice, é bobagem, ilusão
Eu prefiro viver tão sozinho
Ao som do lamento do meu violão
Doralice eu bem que te disse
Olha essa embrulhada em que vou me meter
Agora amor, Doralice meu bem
Como é que nós vamos fazer?
Doralice eu bem que te disse
Amar é tolice, é bobagem, ilusão
Eu prefiro viver tão sozinho
Ao som do lamento do meu violão
Doralice eu bem que te disse
Olha essa embrulhada em que vou me meter
Agora amor, Doralice meu bem
Como é que nós vamos fazer?
Um belo dia você me surgiu
Eu quis fugir mas você insistiu
Alguma coisa bem que andava me avisando
Até parece que eu estava adivinhando
Eu bem que não queria me casar contigo
Bem que não queria enfrentar esse perigo, Doralice
Agora você tem que me dizer
Como é que nós vamos fazer?
( Dorival Caymmi e Antonio Almeida)

Essa música é um enigma para mim. O que foi que aconteceu de tão grave? Por que é que o moço vai se meter em uma embrulhada por ter se casado com Doralice? E como ele sabia que isso ia acontecer antes? 
Será Doralice estéril, frustrando o desejo da sogra manipuladora de ser avó? Será Doralice compradora compulsiva e estourou o limite do cartão?
Será Doralice européia e o moço se casou com ela para obter cidadania, e agora a migra descobriu que o casamento é fake e vai deportar o moço? 
Será que Doralice arrumou confusão no bar e agora o moço tem que encarar um brutamontes e sua gangue de motoqueiros da pesada?
Aceito esclarecimentos.

05 maio 2010

argh

Agora que me libertei do sofrível ofício de professora - o fui por cerca de 13 anos - , me sinto livre para dizer certas coisas que não achava ético dizer antes. Coisas específicas de comportamento de aluno, por exemplo.

Eu tinha um aluno particular (em inglês, tá? Assim: /pərˈtɪklər/), tesoureiro de um partido aí (cof). Vamos chamá-lo de, erm, Mister Praxedes. Mister Praxedes e eu tínhamos relação estritamente profissional. Ia lá, dava minha aula, recusava o cafezinho, evitava qualquer temática política, e terminava as aulas pontualmente.


Um dia, o livro nos apresentou um textículo sobre o John Lennon. Falava da Yoko. Professor de língua usa de tudo pra fazer aluno falar, néam, então perguntei se ele gostava da Yoko, sendo ela um tanto polêmica. Todo mundo odeia a Yoko. Pobre Yoko. Poxa, eu adoro a Yoko. Duvido que ela tenha sido o motivo do breakup dos Bítous. 


Então, aí perguntei à ele se ele gostava da Yoko, e, not surprisingly, ele disse não. "Oh, but why not?"


Já esperava qualquer besteira como "ela é feia", "a arte dela é ruim", "ela canta mal", e, claro, "os Bítous se separaram por causa dela". Mas não. A resposta foi, "Bicausi ai dontchi laiqui japonís".


Broxei. Já não achava legal a história do partido, não tinha muita certeza sobre a fonte do dinheiro que recebia dele, e aí veio essa. Ao mesmo tempo, já me preparava para pedir demissão e largar de vez essa vida de Madre Teresa de Calcutá que é ser professor de inglês no Brasil. Aí fui e passei o Mister Praxedes pra um colega e amigo, muito bem avisado, claro.


Ontem saí e enchi a cara com esse amigo, e a aula dele era hoje de manhã. Liguei pro amigo na hora do almoço pra perguntar se ele estava vivo e se tinha conseguido dar a aula. Sim.


Hoje o livro apresentou ao Mister Praxedes a seguinte questã: gostaria de fazer um safari pela África? Mister Praxedes azedamente respondeu que não. "Oh, but why not?"


"Bicausi ai dontchi laiqui africam".


Ri horrores. Coisa triste.

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