17 março 2010

O cigarro salvou minha vida

Cigarette Burn - Kunfuscious


O ano é 1997 ou 8. Eu tenho uns 18 anos; magérrima, a cabeça raspada e tingida de roxo não vai nada mal com o resto do conjunto.

Ainda morávamos todos con La Madre, lá na QI 28. Naquela época nem ponte tinha, imagine os quilômetros percorridos pra ir a qualquer canto. Muita história pra lembrar e contar. Tipo aquela vez em que eu achei um pedação de maconha no chão enquanto andava pra parada de ônibus - juro que não era minha. Ou aquela vez em que uma coruja enfurecida atacou nosso cachorro. E todos aqueles sanduíches de pão integral com salpicão e gatorade de tangerina que digeri lá do único estabelecimento comercial por milhas e milhas, a lojinha de conveniência do posto texaco. Nossa, e a perda total do meu primeiro carro. E ouvir Soundgarden lendo Stephen King (rá!) suando na beira da piscina. O sapo na piscina. A MTV. A carona com os puliça. O churrasco de hambúrguer. O xixi na cama. O meu futuro namorado. Caramba.

A gente sempre morou longe. Sigh.

Fumava, já. Meu irmão também.

Uma noite, ele chegou da balada e foi entrando de mansinho no meu quarto. Queria um cigarro. O que ele viu: eu snuggly dormindo filiz. Ao lado de minha careca, labaredas de fogo ardente. O criado-mudo em chamas.

O menino entrou em pânico. Jogou água, cobertor, areia, cacto, gato, o que tivesse por perto que pudesse extinguir o perigo. Pegou o cigarro e se foi.

Horas depois, acordei e achei estranho. Será que foi a vela que deixei aqui acesa? Ufa, que sorte não ter pego fogo na casa. Essa foi por pouco.

O Gabriel veio frântico me explicando o que havia acontecido. Deu até um medinho. Imagine se ele não fumasse?

4 comentários:

Kau disse...

vc já teve cabeça raspada??
maaaaassa!

Dandalunda disse...

1966 - Clarice Lispector

Na madrugada de 14 de setembro a escritora dorme com um cigarro aceso, provocando um incêndio. Seu quarto ficou totalmente destruído. Com inúmeras queimaduras pelo corpo, passou três dias sob o risco de morte — e dois meses hospitalizada. Quase tem sua mão direita — a mais afetada — amputada pelos médicos. O acidente mudaria em definitivo a vida de Clarice.

perigo, hein, mocinha? que bom que não te aconteceu nada.

Maíra Bezzi disse...

Eu diria que o que te salvou foi a intuição do seu irmão.. hehehe e seu poder de ação! Querendo filar um cigarro da rimazona, foi lá e salvou não só vc, mas ele próprio!...
Muito engraçado, diria quase tragicômico! Que bom que vc continuou linda e inteira! E os cabelos? Vermelhos! Lindos! Também já os tive assim, lembra? Descolorido, quase sem cabelo!... Ai, era uma festa esse negócio de viver quase careca! Mas foi-se o tempo, amiga querida!
Um bj bem grande e estalado, amore!

Amanda disse...

putz, carol.
ri muito, mais uma vez.
você escreve benzão. well done!
eheh
beijao querido
love iu pra chuchu

Free Blog Counter